Os astrônomos obtiveram, pela primeira vez, uma imagem de alta resolução de uma estrela anã branca sugando ativamente material de uma companheira próxima. Usando o Imaging X-ray Polarimetry Explorer (IXPE) da NASA, uma equipe do MIT observou o sistema EX Hydrae, localizado a 200 anos-luz da Terra, revelando detalhes sobre a interação violenta entre essas estrelas. Esta descoberta fornece informações críticas sobre o comportamento de binários “polares intermédios” – sistemas onde uma estrela morta consome agressivamente a sua vizinha.
A dinâmica do canibalismo estelar
EX Hydrae consiste em uma anã branca, o denso remanescente de uma estrela semelhante ao Sol, e sua vítima, que a orbita a cada 98 minutos. O campo magnético da anã branca extrai material da estrela companheira, criando uma coluna de gás superaquecido com aproximadamente 3.200 quilômetros de altura. Esta coluna chove sobre a anã branca, liberando intensa radiação de raios X.
Esta escala é significativa : a coluna tem quase metade do raio da própria anã branca, o que significa que uma porção substancial do material da estrela companheira está a ser diretamente consumida. A equipe também confirmou que os raios X estão refletindo na superfície da anã branca antes de serem espalhados, um fenômeno previsto, mas nunca antes observado diretamente.
Por que isso é importante: discos de acreção e campos magnéticos
As anãs brancas estão no final da evolução estelar e podem seguir dois caminhos para a destruição; explodindo em uma supernova Tipo Ia ou resfriando lentamente em uma anã negra. A principal diferença entre estes dois caminhos reside na forma como a anã branca adquire massa da sua estrela companheira.
Polares intermediários, como EX Hydrae, caem em uma categoria única onde o campo magnético não é forte o suficiente para formar um disco de acreção completo (uma massa rodopiante de material roubado) ao redor da anã branca, mas é forte o suficiente para canalizar material em direção aos pólos. Este processo cria uma “cortina de acreção” – uma chuva torrencial de matéria estelar a milhões de quilómetros por hora. A colisão do material em queda cria colunas de gás turbulentas de vários milhões de graus que emitem raios X detectáveis.
O poder da polarimetria de raios X
A sonda IXPE mediu a polarização dos raios X emitidos pela EX Hydrae, que revelou um grau de polarização surpreendentemente elevado (8%). Isso significa que as ondas de radiação foram alinhadas em uma direção específica, confirmando a presença do campo magnético e do intenso fluxo de energia.
“Mostrámos que a polarimetria de raios X pode ser usada para fazer medições detalhadas da geometria de acreção da anã branca,” disse Sean Gunderson, líder da equipa no MIT.
Esta técnica fornece uma imagem mais clara do ambiente extremo em torno da anã branca do que os telescópios tradicionais, que muitas vezes vêem apenas um ponto ténue no céu. Ao analisar a polarização, os cientistas podem reconstruir a região mais interna e energética do sistema.
Implicações Futuras: Compreendendo as Supernovas
A equipa de investigação planeia expandir a sua investigação para outros sistemas de anãs brancas, com o objetivo de compreender melhor como é que estas estrelas eventualmente explodem como supernovas do Tipo Ia. Estas supernovas são cruciais para medir distâncias cósmicas, pelo que compreender os factores que levam às suas explosões é vital para mapear o Universo.
O estudo dos vampiros estelares oferece uma visão direta dos violentos estágios finais dos sistemas estelares, lançando luz sobre seu comportamento imediato e seu destino final.




























